A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) informou nesta quinta-feira (8) que, apesar da crise financeira internacional, prevê uma aceleração do nível de atividade da construção civil em 2012. A estimativa da entidade é de um crescimento de 5,2% para o Produto Interno Bruto (PIB) do setor no próximo ano, contra 4,8% de expansão em 2011.
De acordo com a CBIC, a expectativa de aceleração do PIB da construção civil no ano que vem está relacionada com a continuidade da compra de imóveis pela classe média, além da segunda etapa do Programa Minha Casa Minha Vida, lançada neste ano para a população de baixa renda, das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e dos investimentos para a Copa e Olimpíadas.
“Somos avessos a crise. Vai ter crise, mas o setor pode ser uma saída para minimizar os impactos da crise no Brasil. Só que o governo vai ter que tomar iniciativa, fazendo com que o PAC e o programa Minha Casa Minha Vida 2 andem. O ritmo do PAC ficou aquém das expectativas em 2011, mas a presidente Dilma está dizendo publicamente que vai voltar a ser prioridade”, disse o presidente da CBIC, Paulo Safady Simão.
Safady lembrou que o setor de construção civil registrou um crescimento de 42% entre 2004 e 2010 – uma média de 5,18% por ano. Dados da CBIC mostram que o setor responde por metade dos investimentos (formação bruta de capital fixo) realizados no país.
Crédito imobiliário X PIB
Segundo a CBIC, o crédito imobiliário está, atualmente, em 5% do PIB no Brasil, bem abaixo de outros países, como México (12,5% do PIB), China (13%) e Chile (14%), o que indica, junto com a inadimplência em patamares baixos, que não há “bolha” no crédito imobiliário. Informações divulgadas pela CBIC mostram que a taxa de inadimplência, que superou 10% em 2003, está um pouco acima de 2% neste ano.
Financiamentos
De acordo com a análise da CBIC, o mercado de crédito imobiliário tem registrado crescimento nos últimos anos graças às condições econômicas e institucionais propícias. O volume anual de crédito imobiliário passou de R$ 6 bilhões em 2004 para um valor em torno de R$ 110 bilhões em 2011, informou.
Uma das fontes de recursos, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), financiou R$ 27,3 bilhões até novembro deste ano em habitação, sendo 80,7% para novas unidades. “Se estima que deverá encerrar o ano com aproximadamente R$ 35 bilhões em operações de financiamento habitacional e mais R$ 4 bilhões em ações de mobilidade urbana e saneamento”, informou a entidade.
Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), citados pela CBIC, os financiamentos imobiliários realizados com recursos da poupança somaram R$ 64,9 bilhões até outubro, o que representa um aumento de 44,7% frente ao patamar de igual período do ano passado. A CBIC informou que que este percentual de crescimento deverá encerrar o ano em torno de 33%, um resultado “muito positivo” considerando que a base de 2010 foi um recorde. “Isso representaria aproximadamente R$ 75 bilhões em financiamentos com recursos da poupança”, informou a entidade.
“Tanto a captação líquida, quanto os saldos de poupança deverão registrar aceleração de crescimento, à medida que, se reduziram as taxas de inflação e básica de juros da economia, pois a poupança torna-se mais atraente aos aplicadores”, avaliou a CBIC.
Mercado imobiliário
A expectativa da CBIC para o mercado imobiliário é de continuidade da expansão, uma vez que a renda e o crédito imobiliário seguem crescendo no país. “O mercado não deverá passar por transformação radical, pois nada indica que o país vivenciará um período recessivo. Mas é preciso considerar que os efeitos da crise econômica internacional ainda podem chegar ao país. É preciso acompanhar”, avaliou a entidade. Na visão da CBIC, o mercado imobiliário brasileiro se mostra “saudável”, principalmente quando comparado aos países ricos.
Fonte: Portal G1 de Notícias